quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Empreendedor mirim de 16 anos faz seu primeiro milhão de dólar com sua primeira empresa

Empreendedor mirim de 16 anos faz seu primeiro milhão de dólar com sua primeira empresa






O adolescente britânico Christian Owens ganhou seu primeiro computador aos sete anos de idade. Três anos depois, foi a vez de um Mac, da Apple, chegar ao seu quarto. Foi aí que ele começou a acreditar que poderia ser um empreendedor da web. Em 2008, aos 14 anos, Owens começou a empreender com sua primeira empresa: um site bastante simples chamado Mac Bundle Box. A página vende pacotes de aplicativos do Mac OS X com desconto por um tempo limitado. O valor do primeiro pacote – negociado com os desenvolvedores dos aplicativos - ficou em US$ 400, mas Owens vendeu o kit por um décimo desse valor. E não foi só isso. Se um número mínimo de pessoas comprasse o tal pacote, um novo aplicativo seria desbloqueado para todos os compradores, o que garantiu um belo boca-a-boca para a promoção. E, para completar, Owens doou parte das vendas para caridade.

A ideia do jovem empreendedor deu certo. Muito certo, na verdade. Nos dois primeiros anos de vida, o Mac Bundle Box faturou US$ 1 milhão.

Mas o sucesso do primeiro negócio não fez Owens parar de empreender. Ele criou um novo empreendimento chamado Branchr, uma companhia que distribui 300 milhões de anúncios por mês em mais de 17.500 sites, iPhones e sistemas operacionais para celulares Android e ganha por cada clique dado em uma dessas propagandas. A empresa faturou US$ 800 mil em seu primeiro ano de vida e emprega oito adultos, incluindo a mãe de Owens, Alison. O segredo do sucesso? “Não há segredo”, diz ele. “Não há fórmula mágica, trata-se apenas de trabalho duro e determinação.”

Quando questionado onde estará em dez anos, o empreendedor mirim não sabe dizer, mas tem na ponta da língua que quer faturar 100 milhões de libras com sua nova empresa, a Branchr. Será que ele vai conseguir? Parece estar no caminho certo.

Fonte:http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/1,,EMI163118-17180,00.html

domingo, 15 de agosto de 2010

Encontrei esta reportagem na REVISTA ENGENHARIA (Edição 598/2010) e achei interesante.
Mais fácil, mais rápida e mais eficaz


PAVEL SVEJDA*
A tecnologia de computação mudou nossa vida em um ritmo demasiadamente rápido. Sobretudo em relação às técnicas de manufatura, não é mais possível imaginá-la sem o emprego de computadores. Neste contexto a ciência fala de uma “terceira revolução industrial”. Também na técnica de pintura, antigamente uma área de fabricação dominada pelo trabalho manual e empírico, o computador foi massivamente introduzido tornando os processos mais econômicos e mais voltados à preservação do meio ambiente. Os mais novos desenvolvimentos na área de técnica de computação e de sistemas de controle mostram que ainda há algum potencial no que se refere ao aumento da eficiência. Isso não significa automaticamente o aumento da complexidade. Muito pelo contrário



instalações de pintura, especialmente estações de robôs, requerem diversas técnicas de con¬trole para o seu desempenho. Técnicas estas, geral¬mente subdivididas em um controle de estação, um controle de segurança, nos controles individuais de robôs e nos controles da técnica de aplicação. O controle de estação feito por meio de uma central

PLC (Programmable Logic Control) coordena toda a ocorrência na estação e encarrega-se da comu¬nicação com o exterior. Ela recebe a informação sobre o tipo de veículo a ser pintado e sua cor. Tal informação é transferida para o respectivo robô-pintor. O controle de estação avalia também os sinais da periferia – como, por exemplo, dos trans¬portadores e da cabine de pintura, assim como os sinais do sistema de proteção contra incêndio – e entra em ação tomando as providências necessá¬rias. No PLC de segurança, como o nome já diz, passam todas as informações relevantes para se¬gurança. Basicamente isto é a proteção do pessoal, realizada através de cortinas de luz na entrada e na saída da estação, assim como através de contatos de porta na cabine de pintura e também através de botões de emergência. Se um desses sinais acionar alarme, a estação tem que ser colocada imediata¬mente em um estado seguro. O ideal seria que após a retirada do distúrbio, a estação continuasse a operar a partir do ponto onde houve a interrupção. O controle de robôs é responsável pelo movimento dos robôs em si e para o acionamento de gatilhos. Uma aplicação parcial possibilita a parametrização da técnica de aplicação. Em determinados casos é efetuado separadamente um controle para a apli¬cação – como, por exemplo, na selagem e na apli¬cação de verniz de proteção das partes inferiores. Para isso são usados geralmente robôs padrões que não têm nenhuma funcionalidade para o processo. Resumindo, hoje há muitos hardwares de controle em torno de uma estação de robôs. Dois exemplos explicitam isto. Uma estação para a pintura inter¬na com quatro robôs e seis aparelhos de manuseio para abertura e fechamento de capôs e de portas necessita de um PLC e dez controles de robôs. Uma estação para selagem com quatro robôs necessita da mesma forma um PLC, assim como quatro con¬troles de robôs e quatro controles de aplicação. O trabalho empregado é semelhante. Com isso não
se deve esquecer: nos dois casos é necessário para a averiguação da posição da carroceria o chamado “sistema de visão” e para isso são necessários tam-bém hardwares separados.
Isto não sugere por si só simplificar todo o sistema no sentido de reduzir a complexidade e os custos? A tecnologia de informática contem¬porânea torna isto possível. A nova técnica de controle EcoRPC (robô e controle de processo) para os robôs da Dürr baseia-se em um compu¬tador industrial e é capaz de atuar multi-cine¬mática e processualmente. O que significa isto? Significa que com este controle é possível operar simultaneamente até quatro robôs ou gerenciar quatro diferentes processos. Olhando a figura 1, a estação de robôs para a aplicação interior do compartimento de motor e de porta-malas com dois robôs-pintores e dois robôs de manuseio, usando-se a nova técnica, precisa-se na realida¬de de apenas dois, ao invés de quatro controles de robôs. Isto significa reduzir pela metade a quantidade necessária de hardwares.



Figura 1 - Uma estação de pintura para aplicação interior de compartimento de motor e de porta-malas. Os abridores de porta-malas são fixados pendurados em um trilho suspenso. A vantagem desta solução é que se comparando com os layouts convencionais, a estação é bem mais curta, com maior flexibilidade. Robôs e abridores de porta-malas podem “ultrapassar” uns aos outros

O segredo do aumento da capacidade de de¬sempenho está no tempo de ciclo visivelmente menor do processador. Além da capacidade de atuação multi-cinemática e processual esta carac¬terística traz ainda consigo uma importante vanta¬gem: o tempo do intervalo de amostragem é, desta forma, muito mais curto. Com isso consegue-se uma segurança maior no sistema de aplicação. Por exemplo, caso seja detectado um aumento de pressão no tubo alimentador de tinta, a bomba do¬sadora pode ser interrompida antes que o tubo se rompa e seja necessário trocá-lo, sem falar na per¬da de tempo com limpeza, em caso de rompimento do tubo. Os componentes da instalação de pintura podem ser sincronizados melhor entre si. Isso faz um efeito especialmente em processos com uma alta velocidade de aplicação ou em processos que exigem uma alta precisão em relação ao movimen¬to e dosagem de material. Como exemplo, seriam os processos de selagem. Nestes processos, a ve¬locidade de aplicação é em torno de 1 000 mm/s com, ao mesmo tempo, alta exigência na precisão da aplicação. No primeiro exemplo citado, para a selagem na área das lanternas traseiras as espe¬cificações de largura e altura da calafetação têm que ser exatamente cumpridas, caso contrário na montagem as lanternas t não encaixariam (figura 2). O segundo exemplo mostra a selagem de jun¬tas de porta, com as portas fechadas (figura 3). Neste processo é inserido um bocal especial no vão da porta que sela a fenda pelo lado interior da porta. Neste caso, alta qualidade estética é de extrema importância, uma vez que a calafetação é executada a uma distância mínima à borda da porta. Qualquer pequena variação na posição e na forma da calafetação percebe-se facilmente. Estes dois exemplos mostram que tais processos, sem uma perfeita sincronização entre processo e movi¬mento de robô, seriam dificilmente controláveis. E mais outra vantagem: o sistema oferece uma maior produtividade. Uma vez que o acompanhamen¬to da carroceria acontece desta forma, isto é, no controle de robôs e não mais como anteriormente no PLC, programas e dados de aplicação podem ser carregados de forma previdente. Com isso econo¬miza-se o tempo que até então era necessário para o carregamento logo antes da aplicação.

Figura 2 - Simulação e resultado de aplicação de selagem na área das lanternas traseiras. Aqui é exigido exatidão tanto no posicionamento quanto na geometria da costura para evitar retoques manuais

A nova técnica de controle já passou na sua prova de fogo em diversos projetos. Na área de selagem, instalações de robôs equipadas com o EcoRPC estão em funcionamento em diversos fabricantes e controlam robôs e aplicações cada um em uma plataforma. O primeiro projeto, no qual a aplicação de robôs de uma nova planta de pintura foi equipada com EcoRPC em todas
as áreas, foi concluído recentemente com suces¬so. Nesta planta de um conhecido fabricante de automóvel italiano, será construído um veículo, que já nos anos 1960, na sua versão original, gozou de uma grande popularidade. A técnica de robôs e de aplicação para material em PVC e tintas foi fornecida pela Dürr. No total são dois robôs para aplicação de verniz de proteção das partes inferiores e 20 robôs pintores para a aplicação do primer, da pintura de base e da aplicação de verniz – para operação tanto ex¬terna quanto interna. Na pintura interna, na qual acontece a operação stop-and-go (para e anda), os robôs recebem apoio extra de dez aparelhos de manuseio. A propósito: o sucesso emergente deste veículo fez também com que fosse neces¬sário um aumento de capacidade da planta de pintura há tempos já existente. Para tal, a Dürr entregou uma nova estação de primer com seis robôs de pintura e robôs adicionais para a apli¬cação de pintura de base e de verniz.


Figura 3 - Selagem com portas fechadas exige uma exata sincronização entre processo e movimento de robôs

Um controle de robôs moderno e eficiente não seria possível sem um sistema de programa¬ção conveniente. Com o sistema EcoScreen 3D-OnSite, a Dürr oferece um recurso indispensável para a programação, parametrização e visuali¬zação da aplicação de robôs em apresentação tridimensional (figura 4). Isso pode acontecer na instalação, ou seja, “no local” e naturalmente pa¬ralelo à produção, ou “fora”, em um escritório da planta. Através de uma conexão ethernet é ga¬rantida a comunicação com o controle de robôs para fazer o upload e download de dados. Com isso a funcionalidade do sistema ainda não está esgotada. Funções que somente são conhecidas de sistemas de programação off-line se tornam disponível – apenas citando as mais importan-tes: uma simulação de robôs de acordo com o padrão RRS (Realistic Robot Simulation), moni¬toração de colisão, simulação multi-cinemática de até 16 robôs e gravação de vídeos.


Figura 4 - O sistema de visualização EcoScreen 3D-Onsite oferece uma vasta funcionalidade para a programação e parametrização ideal de instalações de robôs para o processo de pintura e de selagem
Além disso, o sistema de programação gera automaticamente as imagens do caminho traça¬do pela pintura, assim como oferece inúmeras possibilidades de administração de dados com a ajuda de um administrador de banco de dados. E ainda, está à disposição um instrumento mui¬to importante para a manutenção – um módulo de diagnose, com o qual todos os sinais de um ou mais controles de robôs podem, ao mesmo tempo, com uma elevada taxa de amostragem, ser registrados e arquivados. Para a análise grá¬fica dos dados, o módulo de diagnose contém inúmeras ferramentas. Também é possível um arquivamento dos dados por longo período de tempo em um banco de dados SQL.
O desempenho dos computadores atu¬ais possibilita cada vez mais simular proces¬sos e procedimentos. A força motriz é o fato de que ciclos de produto tornam-se cada vez mais curtos e, por motivo de tempo e custo, cada vez mais se abre mão da construção de protótipos. Já há muito tempo é possível uma programação de robôs por meio de modelos de dados com o chamado sistema de programação off-line. Esta funcionalidade pode, entretan¬to, como mencionado anteriormente, também ser integrada ao sistema de programação da instalação de robôs. Simulações de processos dão respostas, hoje em dia, a importantes per¬guntas. A seguir, alguns exemplos. Será que o fluxo em um tanque de imersão é tão bom que o recente meio de processo está à disposição em todas as partes da carroceria do veículo? Será que o aquecimento da carroceria em um secador é uniforme e a temperatura necessá¬ria para a secagem, será alcançada por todas as partes? Será que o fluxo de uma cabine de pintura é laminar ou ocorrem turbulências que podem causar sujeira nos veículos pintados e nos equipamentos? No planejamento de uma instalação de pintura não se pode mais abrir mão de uma simulação de fluxo de material (figura 5). Ela confirma importantes premissas de planejamento, como capacidade, tempo de processamento, avaliação de armazenamento de carroceria. As possibilidades descritas aqui podem ser conectadas em parte hoje em dia, porém em um futuro próximo poderão ser co-nectadas entre si em um modelo 3D. Através de um programa de apresentação adequado em conjunto com um Power Wall (um display) o cliente pode entrar virtualmente em sua ins¬talação de pintura. E isso muito antes do lança¬mento da pedra fundamental. Assim a fábrica digital torna-se realidade.


Figura 5 - Processo de simulação do aquecimento de uma cabine de caminhão no secador
Por último uma nota para os interessados em história. A primeira revolução industrial foi anunciada com a introdução do motor a vapor, em 1776, por James Watt. A segunda revolução industrial veio com a descentralização do motor de tração nas rodas, para a qual a invenção do motor de corrente alternada de Werner von Sie¬mens em 1879 contribuiu largamente. A terceira revolução industrial, citada no início, foi a intro¬dução do microprocessador e a descentralização da “inteligência” que está ligada a ela. Este mi¬croprocessador foi apresentado pela firma Intel no ano de 1971.


* Pavel Svejda é engenheiro mecânico, doutorado pela Universidade de Stuttgart, Alemanha, e desde 1996 tra¬balha na Dürr Systems
E-mail: pavel.svejda@durr.com

Fonte: http://www.brasilengenharia.com.br/ed/598/Art_Produção_598.pdf

domingo, 8 de agosto de 2010

A saga brasileira

Estatísticas do IBGE mostram que os
avanços dos anos 1900 dão ao Brasil
do século 21 a chance de crescer e
tornar-se um país socialmente justo


A FORÇA DA IMIGRAÇÃO
Italianos em São Paulo: no início do século, a chegada dos estrangeiros incentivou a industrialização

Na convenção das medidas de tempo, um século é um intervalo de 100 anos. Na ordem do pensamento humano, é um período que encerra um ciclo, ajuda a entender, construir e contar a história do mundo. Para as pessoas tomadas individualmente, no entanto, um século é muito tempo. Elas tendem a fixar sua atenção nas fases mais recentes por que passaram. Esquecem-se do largo prazo e, portanto, perdem a dimensão das grandes mudanças. Em 1900, o Rio de Janeiro, capital federal da jovem República brasileira, tinha apenas 690.000 habitantes e praticamente nenhuma rua calçada. Os ricos viviam em palacetes com ares franceses, mas podiam morrer de febre amarela, malária ou peste bubônica quase tão facilmente quanto a massa que habitava os cortiços amontoados em ruelas espremidas. Em São Paulo, onde moravam 240.000 pessoas, a atividade industrial já ditava o ritmo da cidade, em boa parte impulsionada pela segunda leva de imigração, que acabava de compor o mosaico étnico do povo brasileiro. Mas, do Viaduto do Chá, ainda se avistavam as grandes plantações que lhe deram nome. Informações como essas, junto com outras 16 000 variáveis que compõem a saga brasileira no século passado, emergem do trabalho Estatísticas do Século XX, lançado pelo IBGE na semana passada.

Nesse período, a população brasileira multiplicou-se por dez. A riqueza do país cresceu 100 vezes a uma taxa média de 5% ao ano, próximo do padrão dos Tigres Asiáticos – graças, sobretudo, aos primeiros 73 anos do século XX, em que o Brasil cresceu mais que qualquer outro país do planeta. A mortalidade infantil reduziu-se drasticamente, assim como a taxa de analfabetismo. Em que pese o aumento da desigualdade de renda nos últimos trinta anos, o país deu um salto que lhe permite chegar ao século XXI em condições para enfrentar os desafios atuais e futuros.




O ORGULHO NACIONAL
Fundação do primeiro centro de defesa do petróleo, em 1948: berço da Petrobras


Esse desempenho é particularmente impressionante quando se leva em conta que o século XX brasileiro foi ainda mais curto que o século XX mundial. Segundo diversos historiadores, o século do ponto de vista ocidental começou em 1914, na I Guerra Mundial, e terminou com o fim da União Soviética, em 1991, ou dez anos depois disso, com o atentado terrorista de 11 de setembro em Nova York, como preferem outros analistas. Partindo desse mesmo conceito, nosso século teve início em 1930, com o golpe liderado por Getúlio Vargas, que lançou as bases da sociedade industrial urbana. E está se encerrando neste ano, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, que sintetiza duas conquistas fundamentais: a consolidação da democracia e da importância da estabilidade monetária, um marco fundamental num país que acumulou um índice inflacionário de mais de um quintilhão por cento no século passado.

Até 1930, o país era uma República de fazendeiros que dava continuidade ao Império, que, por sua vez, era continuação da política colonial portuguesa. Neste século de exíguos 73 anos, o Brasil virou uma nação moderna. A Revolução de 30 quebrou a espinha dorsal da República Velha, instituiu o discurso da unidade nacional e deu início à primeira arrancada industrial brasileira. No período entre 1930 e 1945, construiu-se boa parte dos alicerces do Brasil de hoje. Na seara política, Vargas foi um ditador como qualquer outro. Centralizou todas as decisões, prendeu inimigos políticos, censurou a imprensa. Na economia, foi diferente. Deu início à substituição de importações num país de indústria incipiente, fundada em geral por imigrantes italianos, que não fabricava muito mais que banha, tecidos e sapatos. Sob o tacão varguista, nasceu o projeto de uma potência industrial, que tem na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), inaugurada em 1941, um de seus símbolos mais fortes. O nacionalismo verde-e-amarelo desaguou em campanhas históricas, como a que resultou na criação da Petrobras, em 1953. Vem da Era Vargas também a modernização das relações de trabalho, com o salário mínimo e a hoje defasada legislação trabalhista que vigorou até o fim do século.





O FUNDADOR DO SÉCULO
Getúlio Vargas, com dona Darcy: na Revolução de 30, morre o Brasil das oligarquias rurais


O projeto de nação gestado nesse período completou o desenho de identidade cultural iniciado na Semana de Arte Moderna de 1922, um grito de independência artística num país que tinha até então vergonha de ser brasileiro. O grupo liderado por Mário e Oswald de Andrade propunha que as influências externas fossem digeridas para criar uma cultura nacional de caráter próprio, na proposta estética batizada por Oswald de Antropofagia. Na década de 30, floresceu a fase social do trabalho de Cândido Portinari, brilhou a música de Heitor Villa-Lobos e foram escritos dois dos mais importantes livros de reflexão sobre o país – Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda. Paradoxalmente, foi na ditadura desse tempo que se criaram as condições para o segundo ciclo de desenvolvimento que marcou o século, no governo de Juscelino Kubitschek.

A primeira diferença entre esse segundo ciclo e a Era Vargas é a experiência democrática – incomum num século no qual os brasileiros passaram quarenta anos sem eleger presidente. Sob a democracia de JK, a nascente classe média ganhou o papel de protagonista da cena política e econômica. O desenvolvimento do governo Juscelino usufruiu da infra-estrutura legada pela era Vargas e voltou-se para os bens de consumo durável – geladeira, carro nacional, os primeiros radinhos a pilha, televisão. "A riqueza do país entrou pela primeira vez na casa dos brasileiros", resume o professor Francisco Carlos Teixeira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A era JK infundiu uma confiança inédita no futuro do país. "Ali foi plantada a semente de um sonho coletivo na imaginação brasileira", diz o economista Eduardo Giannetti da Fonseca. Um sonho que se concretizou em fatos que dependeram de decisão política, como a construção de Brasília, e em outros que têm um inegável componente de sorte, como a conquista da primeira Copa do Mundo, em 1958.

O período JK é, de certa forma, a síntese das características positivas e negativas da elite brasileira, que, por não ter um projeto de país, se voltou para o mundo e contribuiu para a construção de uma nação plural, aberta às influências estrangeiras. Essa é, em parte, a explicação para a assimilação dos imigrantes, que nas quatro primeiras décadas do século contribuíram com 10% do aumento populacional. A elite nacional tem outra característica importante. Ela não se cristalizou numa estrutura imutável, como aconteceu na França, por exemplo. O dito popular que prevê o destino de pobretão para o filho do pai barão reflete uma estrutura social com um grau de mobilidade extraordinário, abrindo espaço para o surgimento de uma classe média forte e produtiva, que se firmou como grande formadora de opinião. Cinco em cada dez brasileiros vivem melhor do que viviam seus pais. Quatro mantêm o mesmo padrão de vida, e apenas um desceu na escala social. A trajetória do presidente Lula, um retirante nordestino que virou operário e chegou ao Planalto, é o exemplo mais eloqüente dessa realidade.




AVANÇO SOCIAL
A Santa Casa de São Paulo na década de 30: mortalidade infantil teve queda de 80%


Outra característica brasileira é, no entanto, a de ter a vocação da riqueza sem a vocação da poupança. Nos anos 50, isso resultou no grande pecado do sonho embalado no ritmo da bossa nova. Em seus fundamentos objetivos, o projeto desenvolvimentista era artificial, porque assentado em inflação. Incapaz de gerar poupança pública para investir – o que ocorreu sob a ditadura Vargas e nos governos militares pós-golpe de 1964 à custa de uma brutal centralização de recursos em mãos do governo federal –, JK produziu inflação e irresponsabilidade fiscal. A embriaguez dos anos dourados provocou uma ressaca inflacionária que estourou no início dos anos 60.

O ciclo seguinte, iniciado em 1964, lançou o Brasil no período mais negro de sua história política. Foi no governo militar, no entanto, que se fez a segunda revolução industrial nacional, na qual o país completou seu investimento em infra-estrutura – principalmente em estradas, energia e telecomunicações – e ingressou no terreno da informática, da petroquímica, da química fina. No auge do milagre brasileiro, durante o governo Médici, o país crescia a uma taxa superior a 10% ao ano, chegando a atingir 14% em 1974. A classe média sentia-se catapultada ao paraíso. Além de usufruir prosperidade econômica, podia orgulhar-se de viver no país tricampeão mundial de futebol. A televisão, já então em cores e com programação transmitida via satélite, completava o processo de integração nacional. As novelas lançavam moda e modificavam costumes, já a caminho de se tornar um dos grandes fenômenos culturais do século. Na década de 70, pela primeira vez a população das cidades era maior que a do campo, coroando um dos mais vertiginosos processos de urbanização registrados no mundo.

Mais uma vez, o preço foi alto. O desenvolvimento financiado à custa de endividamento externo e de proteção cartorial à indústria brasileira jogou o país no pior dos mundos quando os juros internacionais se elevaram: recessão com inflação alta. No início dos anos 80, o PIB chegou a cair 4,3%, e a taxa média anual de inflação chegou a 800%. Com a estagnação econômica, sob uma inflação impenitente e com levas cada vez mais numerosas desembarcando nas periferias das grandes capitais, o resultado não podia ser outro: o aumento do contingente de miseráveis. Essas são as principais razões da desigualdade social que o Brasil exibe hoje.




A INDÚSTRIA DECOLA
Companhia Siderúrgica Nacional: na base da primeira revolução industrial

Os ciclos de crescimento passaram a ser cada vez mais curtos, em boa parte em decorrência do impacto de planos econômicos destinados a conter a corrida inflacionária. Mesmo depois do Plano Real, com a inflação sob controle, o país não consegue entrar naquilo que os especialistas chamam de desenvolvimento sustentável. Crescer de maneira sólida, sem cair na tentação da inflação ou do endividamento irresponsável, não é o único desafio. Mas sem vencê-lo será impossível desatar o grande nó da sociedade brasileira, que é a existência de dois brasis separados pela barreira da prosperidade. É essa realidade que faz com que o Brasil entre no século XXI como a 15ª economia do planeta e com uma agenda social do século XIX, que inclui problemas básicos como saneamento. É verdade que, ao debelar a inflação, o país deu o primeiro grande passo para reduzir a desigualdade social. Um forte indicativo disso é que nos anos 90, no pico do surto inflacionário, os 10% mais ricos ganhavam sessenta vezes mais que os 10% mais pobres. Em 2001, essa diferença havia caído para 47.

Ainda falta muito, no entanto. É impossível pensar num país próspero e socialmente justo sem investimento maciço em educação de qualidade. Um dos grandes pecados brasileiros é não ter investido em capital humano, como fizeram, por exemplo, os Tigres Asiáticos desde os anos 50. Entre os maiores responsáveis pela dificuldade de inserção do país na economia global está o descaso com a educação, que freou o desenvolvimento. Até 1973, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo. De 1983 a 1999, despencou para o 93º lugar. O país também terminou o século XX sem conseguir concluir reformas estruturais fundamentais para fechar os ralos por onde escoa a riqueza nacional. O desleixo com as finanças públicas tem um exemplo concreto na discussão da reforma tributária nas últimas semanas. Na ânsia de não perderem nem um centavo, os governadores deslancharam uma guerra fiscal que só vai aumentar o buraco das contas nacionais. E mais: apesar do grande amadurecimento institucional, carregamos problemas estruturais nos três poderes, seja na ineficiência do Judiciário, no clientelismo do Executivo e do Legislativo ou na doença endêmica da corrupção em quase todas as esferas da vida nacional.




NO AR, A TELEVISÃO
Dancin' Days, de 1978: a novela lança moda e torna-se fenômeno cultural


Ainda assim, o país tem bons motivos para encarar o novo século com otimismo. E entre as principais razões estão a criatividade e a imensa capacidade de trabalho da população brasileira, que, aliadas a recursos naturais ainda longe do esgotamento, colocam o Brasil na trilha de tornar-se uma grande potência. No cenário mundial, o potencial do país é muito maior que o de alguns países que fecharam o século XX com desempenho melhor que o brasileiro. O Brasil é hoje a 15ª nação mais rica do mundo. Acima dessa posição, há dois grupos de países. O primeiro é formado por nações como Canadá e Itália, que estão atingindo o limite hipotético de sua capacidade de desenvolvimento. O segundo grupo é constituído por grandes nações emergentes, como a Índia e a China, que têm uma sociedade muito mais engessada que a brasileira. "A leitura positiva do século XX tem a vantagem de dimensionar corretamente os novos desafios", diz o colunista de VEJA e cientista político Sérgio Abranches. É fato. Para chegar ao século XXI com os desafios atuais, foi preciso enfrentar muitos outros. O Brasil venceu-os bravamente no século passado. Tem agora todas as chances de fazer o mesmo.



Industria Brasileira

Inicio
Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não houve desenvolvimento industrial em nosso país. A metrópole proibia o estabelecimento de fábricas em nosso território, para que os brasileiros consumissem os produtos manufaturados portugueses. Mesmo com a chegada da família real (1808) e a Abertura dos Portos às Nações Amigas, o Brasil continuou dependente do exterior, porém, a partir deste momento, dos produtos ingleses.

Começo da industrialização

Foi somente no final do século XIX que começou o desenvolvimento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores passaram a investir parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no estabelecimento de indústrias, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Eram fábricas de tecidos, calçados e outros produtos de fabricação mais simples. A mão-de-obra usadas nestas fábricas eram, na maioria, formada por imigrantes italianos.

Era Vargas e desenvolvimento industrial

Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) que a indústria brasileira ganhou um grande impulso. Vargas teve como objetivo principal efetivar a industrialização do país, privilegiando as indústrias nacionais, para não deixar o Brasil cair na dependência externa. Com leis voltadas para a regulamentação do mercado de trabalho, medidas protecionistas e investimentos em infra-estrutura, a indústria nacional cresceu significativamente nas décadas de 1930-40. Porém, este desenvolvimento continuou restrito aos grandes centros urbanos da região sudeste, provocando uma grande disparidade regional.

Durante este período, a indústria também se beneficiou com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois, os países europeus, estavam com suas indústrias arrasadas, necessitando importar produtos industrializados de outros países, entre eles o Brasil.

Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um grande desenvolvimento das indústrias ligadas à produção de gêneros derivados do petróleo (borracha sintética, tintas, plásticos, fertilizantes, etc).

Período JK

Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) o desenvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e feições. JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo indústrias multinacionais. Foi durante este período que ocorreu a instalação de montadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors, Volkswagen e Willys) em território brasileiro.

Últimas décadas do século XX

Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Brasil continuou a crescer, embora, em alguns momentos de crise econômica, ela tenha estagnado. Atualmente o Brasil possui uma boa base industrial, produzindo diversos produtos como, por exemplo, automóveis, máquinas, roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios industrializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a indústria nacional ainda é dependente, em alguns setores, (informática, por exemplo) de tecnologia externa.

Fonte: http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/industrializacao_brasil.htm

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