O
Brasil precisa de mais 150 mil engenheiros até o final de 2012, segundo
dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). E, por causa de
investimentos no setor de energia, infraestrutura e a descoberta do
pré-sal, uma das áreas com maior necessidade de profissionais é a de
petróleo e gás.
De
acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o setor
de petróleo e gás (incluindo-se extração e refino) continuará expandindo
sua demanda por esses profissionais a taxas entre 13% e 19% ao ano. No
Brasil, formam-se anualmente 48 mil engenheiros em todas as
especializações.
Na
procura por profissionais para o setor de petróleo e gás, de cada dois
candidatos selecionados, dois são contratados. “Normalmente, para vaga
de engenharia, a seleção é feita com quatro, cinco profissionais para só
então a empresa escolher. Já quando a vaga é no segmento de petróleo e
gás, são selecionados um ou dois candidatos. E, se forem dois, ambos são
contratados por causa da grande demanda”, diz João Amaral, headhunter
da divisão de Petróleo e Gás da Michael Page, empresa de recrutamento e
seleção.
Atualmente,
na Michael Page há 40 vagas abertas para esse segmento da engenharia e,
segundo Amaral, com dificuldade para serem preenchidas. “As empresas
têm pago altos salários para quem é especializado nessa área. Até
porque, para a companhia vale mais a pena pagar bem e manter a operação
do que parar a produção por causa da falta de profissional”, comenta o
headhunter.
A
demanda é tão grande que o setor tem buscado profissionais em outras
áreas da engenharia, como automotiva, de energia, de telecomunicações e
até da indústria farmacêutica.
“É
um setor que tem pago mais que os outros e oferece um bom pacote de
benefícios para atrair pessoas de outras áreas. E isso também é
estratégia para manter o profissional na empresa, já que a disputa é
grande”, afirma Rafael Meneses, da empresa de recrutamento e seleção
Asap.
O
diretor da empresa de recursos humanos FCB, Valter Teixeira, explica
que as vagas não se limitam a Petrobrás e subsidiárias da estatal. “Há
demanda em empresas que prestam serviço, realizam e executam projetos
para a Petrobrás”, explica.
Porém,
não basta ter vontade de migrar para o segmento. Segundo os
especialistas, nem para todas as áreas do setor de petróleo e gás a
formação de engenheiro, mecânico, eletrônico ou de produção, é
suficiente. “Tem que ir atrás de especialização. Para quem trabalha
embarcado (nas plataformas de extração de petróleo), por exemplo, é um
trabalho muito específico. Mas paga o dobro”, afirma Amaral.
Outra
recomendação dos especialistas em recursos humanos e seleção é buscar
cursos técnicos na área, que podem oferecer um diferencial para esse
profissional. “E uma segunda língua é fundamental, pois há empresas
novas chegando ao País ou atuando lá fora”, diz Meneses.
Na área
A
engenheira química Maria Regina Oeino, de 51 anos, voltou para o setor
de petróleo e gás após um hiato de dez anos. “Eu comecei nessa área
trabalhando com projetos e depois, quando o setor ficou ruim, saí, atuei
na indústria e virei professora universitária. Só voltei agora, nos
anos 2000, quando o setor voltou a ter investimento”, conta.
Maria
Regina afirma que o mercado tem grande demanda e houve um período em
que faltou formação de profissionais para atuar na área. “Não se
encontra engenheiros no setor com 15 anos de atuação, por exemplo. Ou
são mais velhos, como eu, ou mais novos. Isso porque nos anos 90 não
havia investimento e demanda nesse setor”, analisa.
Para
a engenheira, nos próximos 10 a 20 anos esse será um setor de forte
oferta de vagas. “Estamos defasados e é hora de recuperar.”
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